segunda-feira, 29 de novembro de 2010

toy art gastronômico


Eu sei que deve ser óbvio falar de cupcakes como tendências. Uma modinha que acabou de se instalar de vez em São Paulo e que começa a dar os primeiros sinais de sua chegada aqui em Salvador. Mas queria falar de dois pontos sobre esses pequenos toy arts gastronômicos.

O primeiro: a definitiva individualização da comida. Nós - bom, pelo menos eu - sempre associamos doces a uma festa de gula, dedos melados e boca cheia. Os cupcakes vêm na contra-mão desta visão, sendo vendido em verdadeiras boutiques de luxo, com cores e formatos únicos e tons pastéis de uma elegância sem fim. O Marcelo Coelho escreveu na Folha sobre uma "guloseima do conto de fadas" e que "o cupcake introduz, nessas muralhas de resistência afetiva, o espírito do cada um por si". É a individualização da comida com luxo. É a versão pocket do bolo, com grife.


Mas a segunda coisa, e a que considero mais interessante sobre esses bolinhos, é mais uma questão de estética gastronômica. Ao vivo, podemos cheirar e saborear os pratos. Na televisão, mesmo privados destes sentidos, podemos acompanhar o preparo e ficar com água na boca desde a manteiga derretendo. Os cupcakes são comidinhas da era da internet, de imagens estáticas, que antes de qualquer coisa tem que ser belas.



Se eu pudesse apontar uma causa para a guloseima ter chegado aqui no Brasil, com tamanho alvoroço, com certeza apontaria a rede. Há muito já sabíamos da existência dos bolinhos através de filmes e seriados. Mas foi na internet que fomos bombardeados nos últimos anos com fotos, receitas e referências diversas, que vão de blusas a colares, do mimo.

E a estética do cupcake reverbera e alimenta-se de algo que eu falei no post anterior, sobre a busca de "climas". Cupcakes são vintage, românticos, adoravelmente femininos.


É o grande case de como nosso consumo online pode influenciar nossos hábitos de compra, comportamento e, sim, alimentação. E o mais bonitinho também :)

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